"Por Parte de Pai" no PNBE 2011

Esta semana foram divulgados, no Diário Oficial da União, os livros selecionados pelo Programa Nacional Biblioteca da EscolaPNBE 2011.

As obras escolhidas serão distribuídas às escolas públicas federais, das redes de ensino municipais e estaduais, que ofereçam os anos finais do ensino fundamental e/ou ensino médio. A RHJ está mais uma vez presente nessa lista. O livro Por Parte de Pai, de Bartolomeu Campos de Queirós é um dos selecionados.

Veja a lista completa clicando aqui.

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Entrevista com o escritor Marcelo Ribeiro Leite de Oliveira

Boa Tarde Leitores, Nessa entrevista, conversamos com o autor Marcelo Ribeiro Leite de Oliveira sobre seu primeiro livro publicado, Salada de Frutas. Confira: 

RHJ: Marcelo, conte um pouco da sua trajetória profissional como químico e escritor?

Marcelo Ribeiro: Primeiramente gostaria de agradecer a oportunidade de participar dessa iniciativa da editora RHJ. É muito importante o estabelecimento novos canais de divulgação da cultura para que as pessoas tenham maior possibilidade de acesso à informação e ao lazer. Nasci em Ituiutaba, Minas Gerais. Sou professor de química na Universidade Federal de Viçosa, mas iniciei minha carreira na Universidade Federal de Ouro Preto, no penúltimo dia de 1989. 

Como o meu primeiro livro foi publicado em 1990, minhas duas atividades profissionais começaram praticamente ao mesmo tempo a até hoje correm paralelas. De lá para cá ministrei aulas, pesquisei novas substâncias, envolvi-me em projetos de divulgação científica, dei palestras e publiquei sete livros de literatura: Salada de frutas, Catapora e Certos Nomes (RHJ), A reunião dos planetas e Nós e os bichos (Cia das Letras), O sumiço da elefanta e o Roubo da estátua de Ganesh (FTD). 

Atualmente estou muito concentrado em divulgação científica e literatura. Meu próximo projeto é escrever e publicar uma série de crônicas inspiradas nos elementos químicos, fazendo a união da literatura com a química.

RHJ: Saladas de frutas completa vinte anos de sua primeira edição em 2010 e foi seu primeiro livro publicado. Gostaríamos que o senhor nos falasse um pouco sobre a relação deste livro com sua profissão de químico e como o senhor lê este livro hoje em dia. 

MR: Esses vinte anos passaram rápido. Acho o Salada de frutas ainda muito atual. Observo isso nas palestras que faço e no contato com os leitores. Lembro-me agora de uma vez em que eu estava numa rua de Viçosa e uma menininha perguntou: “Você é que é o Marcelo Ribeiro Leite de Oliveira?” Respondi que sim e ela se apresentou: “Você se lembra de mim? Eu sou a Uva.” Na semana anterior eu havia assistido em sua escola um teatrinho inspirado no livro.

Esse retorno dos leitores me deixa muito satisfeito e seguro de que acertei ao escrever o livro. Não acho que exista uma relação especificamente com a química neste caso. Mas existe uma relação com as minhas atividades de ensino. Ao escrever o livro preocupei-me em torná-lo divertido (e para isso muito contribuíram as ilustrações da Márcia Franco), mas, além disso, quis ensinar alguma coisa interessante sobre as frutas (mania de professor).

RHJ: Marcelo, os livros que o senhor já publicou pela RHJ são todos escritos em versos. Todos com certa dose de humor. Conte-nos um pouco sobre sua relação com poesia e nos diga o que o senhor pensa da importância da poesia na vida das pessoas e em especial das crianças.

MR: A poesia é extremamente importante na vida das pessoas. Se não fosse, não estaria nas cantigas de ninar ou nas brincadeiras de criança. O ritmo e a rima nos atraem desde muito cedo. Hoje existe grande diversificação nas formas de lazer. É natural que a televisão e a internet, por exemplo, ganhem um espaço cada vez maior e tomem um pouco do tempo de leitura. As aventuras, as histórias engraçadas e a força das imagens são muito atraentes. Mas na poesia também há tudo isso. Só que é preciso algum treinamento para descobrir.

Para saber se gostamos ou não gostamos de algo precisamos entender. Quem não entende o mínimo das regras do futebol, por exemplo, será incapaz de apreciar as sutilezas de uma boa jogada. Algo semelhante acontece com a poesia. É preciso o hábito de ler. No caso das crianças isso é responsabilidade das escolas, mas, principalmente, dos pais. Leia de vez em quando com seu filho. Você verá como ele ficará feliz e, de quebra, mais inteligente, informado e preparado para a vida. Sou daqueles que acham que, quanto mais as pessoas gostarem de poesia, melhor ficará o mundo.





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Entrevista com Fábio Amaro

O escritor Fábio Amaro fala sobre sua obra Uma história de Arrepiar. Confira na entrevista abaixo:

RHJ: Fábio Amaro, conte um pouco da sua trajetória profissional como jornalista e escritor? 

Fábio Amaro: Olá a todos leitores do blog da RHJ. Muito obrigado pela oportunidade. É um prazer poder participar deste “encontro” online e, claro, através da obra Uma História de Arrepiar. Esta, aliás, foi a minha primeira obra, eu tinha, se não me engano, 13 ou 14 anos de idade, quando foi publicada. A minha gratidão imensa à RHJ, pois dali em diante tive outros livros lançados, e ainda ingressei no ramo do jornalismo, acadêmico e profissional. E, com certeza, a publicação do primeiro livro foi o impulso para toda a sequência de meus estudos e trabalhos. 

Hoje, tenho 32 anos e vivo na cidade de Nova York (desde o ano de 2001). Sou formado em Jornalismo (pela UNI-BH), e atuei como correspondente internacional do jornal Hoje em Dia nos Estados Unidos por, praticamente, 9 anos. A cobertura da tragédia do World Trade Center foi o começo e também o meu maior e mais intenso trabalho realizado até agora. Além do Hoje em Dia, escrevi também para revistas brasileiras, como a Chiques e Famosos e Revista Encontro, cobrindo notícias de Nova York para ambas. 

Em 2008, lancei um jornal nos Estados Unidos, chamado Green Card News, que hoje também tem uma versão publicada mensalmente no Brasil, mais especificamente no estado de Minas Gerais, região do Triângulo Mineiro. Sou autor de 6 livros, sendo que 3 foram lançados pela RHJ. Sou eternamente grato ao Rafael Borges, proprietário da editora, e o considero como o meu padrinho literário. Atualmente, além do jornal Green Card News, trabalho também para um escritório de advocacia em Nova York, que atende a área de imigração.

RHJ: Há dezoito anos a RHJ publicou sua obra Uma História de Arrepiar, pequena ficção que trata de uma viagem no tempo e aponta para sérios problemas de agressão ao meio-ambiente. Você poderia nos falar um pouco sobre o contexto em que a obra foi escrita?

FA: Participei de um concurso de redações entre colégios da cidade de Patos de Minas (onde nasci) e região, e fui classificado entre os melhores textos. A ideia da história partiu da minha própria imaginação, talvez com influência de filmes, de televisão e de algum outro livro que havia visto. A máquina do tempo é interessante, pois dá flexibilidade para o autor "viajar" no texto, poder ir e voltar no tempo, e assim a sequência acaba ficando cativante, intensa e até misteriosa. 

Coincidência que, hoje, no jornal Green Card News, temos uma coluna chamada 'Máquina do Tempo', que exibe fotos de lugares, mostrando como eles eram antes, e como são hoje. Acho que fugir do padrão comum de textos, artigos, estilos de livros e poesias sempre foi o meu estilo. E, acredito, já dava mostras desse diferencial desde os meus 14 anos, quando "lancei" a ideia da máquina do tempo.

RHJ: Como você lê, hoje, a obra Uma História de Arrepiar (tanto em seu aspecto temático quanto literário)? Qual seria, em seu ponto de vista, a relevância desta obra no contexto atual? 

FA: Esse mesmo livro poderia ser lançado hoje, e não há 18 anos, que teria, talvez, o mesmo impacto. A máquina do tempo, na obra, parece que estava realmente certa. Veja, por exemplo, como está o meio ambiente, hoje, no mundo, a começar pelo Brasil, na região da floresta amazônica. Leia e estude sobre o aquecimento global nos dias atuais, no Brasil e no mundo. Essa transformação do homem e do mundo está relacionada diretamente ao capitalismo. 

A competição capitalista e a busca pelos lucros a qualquer custo colocaram a vida do homem e todo o universo em sérios riscos. E, o mais interessante e assustador, é que não há sinais de melhoras. Falo de sinais verdadeiros e significativos. O que há, a meu ver, dos muitos que mencionam em salvar o meio ambiente, não é nada além de pura propaganda. Candidatos políticos, por exemplo, pegam carona nessa de "vamos lutar pelo verde", mas com outras intenções. 

Nos EUA, existe um desses personagens, que agora se tornou até folclórico. No Brasil também há candidatos assim. É preciso haver um pacto mundial, reunindo as maiores lideranças e autoridades de todas as nações, junto a organizações que lutam pela humanidade, para discutirem e olharem o futuro do meio ambiente e do universo. Não sei por onde começar. É difícil. É preciso reunir várias mentes internacionais pensantes e atuantes, e com boas intenções, para buscar soluções. Hoje, o futuro do mundo está cada vez mais próximo do que mostra o final do livro Uma história de arrepiar.

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A Oralidade Na Sala De Aula: Para Não Deixar Calar As Vozes Do Leitor

Texto de Lucia Fidalgo

"Dizem que as mulheres sem maridos apareciam na beira do Rio Amazonas para escravizar os homens desejados por elas. Os índios as chamavam de “Icamiabas”. Eram mulheres lindas, altas, esbeltas, formosas… Seus longos cabelos negros eram trançados em volta da cabeça. 

Viviam em grupos formando uma nação independente e dominadora e só formada por mulheres. Mulheres… Belas mulheres que possuíam escravos de várias tribos indígenas. Em casas feitas de pedra e cercadas de muros altos viviam resistentes e intocáveis. Mulheres corajosas eram essas, ágeis e terríveis… mulheres guerreiras. 

Lutavam com valentia e ferocidade. Manejavam o arco e a flecha com extrema perícia. Quando lutavam, atacavam tribos vizinhas e escravizavam os homens que eram muito castigados, porém as mulheres da tribo nada sofriam. 

Mas como tudo tem seus dias de calmaria, uma vez por ano elas se casavam com “índios guacaris”. Dessa forma evitavam que a tribo desaparecesse. Porém o casamento durava só um dia, para que pudessem engravidar dos seus maridos. 

Quando nasciam meninas, todas eram criadas como rainhas, para que pudessem manter as tradições das “Icamiabas”. Porém, quando por azar do destino eram meninos que nasciam, estes eram cruelmente sacrificados, ou entregues aos seus pais quando por lá apareciam. 

Mas era quando Jaci, a lua, aparecia junto à cabeceira do rio, que as mulheres sem maridos dançavam, cantavam e faziam oferendas coroando-se com flores em uma bela dança selvagem. A festa acontecia sempre antes do casamento e antes que a lua atingisse o alto do céu, as “Icamiabas” iam até o lago com potes de perfumes que derrubavam na água para purificá-la. E à meia-noite mergulhavam no fundo do lago e de lá traziam uma terra verde, com a qual modelavam rãs, peixes e tartarugas. Esses bichos viravam amuletos da sorte, chamados “Muiraquitã”. 

Os Muiraquitãs depois de secos e endurecidos eram oferecidos aos “índios guacaris”que os penduravam em seus pescoços para terem muita sorte. 

Assim os homens com seus amuletos no pescoço fugiam para bem longe dessas mulheres… belas… cheias de coragem… e sonhavam com o dia em que novamente poderiam encontrá-las para serem amados por durante uma longa noite de amor na beira do rio Jamundá, o grande espelho da lua..."

Essa é uma lenda de origem amazônica, recontada com minhas palavras e com algumas reticências. Inicio esse texto com uma história, para trazer a questão da oralidade na sala de aula. A importância do trabalho com a oralidade fica clara para quem compreende que ela pode contribuir também para a formação do leitor. Não digo que ela seja a única e mágica forma de se fazer isso, mas é um caminho para uma aproximação entre leitor e livro, ou outro objeto de leitura que próximo dele esteja. Aprender a atuar com várias linguagens e com a oralidade é dar voz ao silêncio calado que impera muitas vezes nas escolas.

Quando falo em oralidade, não falo apenas de traços presentes nas histórias escritas em papel ou das histórias contadas de boca em boca, mas falo também das histórias anônimas de alunos feitas com palavras que querem, muitas vezes, gritar por socorro. Há histórias dentro deles que a escola não conhece, às vezes não aproveita e não faz delas exercícios de escuta do que o outro tem a dizer, mas sim do que o aluno aprendeu – ou não - a escrever, privilegiando a escrita sobre a oralidade.

Privilegiar a escrita pode significar manter postura repressiva sobre as falas,ou mesmo não entender que falar e escrever são práticas que se completam e andam juntas na formação e no entendimento do aluno leitor –esse aluno que ao entrar na escola traz um acervo constituído ou em processo, mas que não pode ser menosprezado na sua formação e no seu entendimento do mundo. E Paulo… o Freire, disse tanto sobre a leitura desse mundo. Mas há tantos Paulos que querem dizer e ninguém escuta.

Cabe, então, à escola pensar em ações pedagógicas que respeitem a expressão oral trazida pelos alunos, e que se adequem aos conhecimentos necessários para a realização das atividades didáticas propostas por ela. Não quero defender aqui a escolarização da leitura, mas quero sim uma leiturização da escola. Ver nascer uma escola que lê, e que também é lida por seus alunos, professores, serventes, inspetores.

Descobrir onde foi que essa escola se calou, onde foi que ela aprisionou os seus desejos…Conceituar os fenômenos da linguagem, pensar sobre isso para entender os silêncios pré-estabelecidos e as línguas que desapareceram, melhorando assim a capacidade de compreensão e expressão do universo escolar. Dizem que quando o livro fez sua primeira aparição, Sócrates rejeitou-o por considerá-lo inferior à conversação.

Mesmo assim o livro chegou, não apagou a palavra, não silenciou o discurso, mas sim o ampliou, não houve morte alguma. Outros produtos industriais chegaram e chegam todos os dias. Há uma diversidade de suportes para carregar as palavras; novas tecnologias batem em nossas portas sem que a gente tenha tempo de decifrar cada uma delas. Mesmo assim as conversações continuam, as vozes voam longe, mesmo que algo queira por alguns instantes calá-las.

Talvez seja a força das Icamiabas que, com os muiraquitãs, possa espalhar a coragem pelos guerreiros que estão por aí lutando. Chamo aqui de guerreiros os professores, mediadores de leitura, que não podem dar mais do que tem, mas podem se entender também como leitores, entender que os leitores nunca deixam de nos surpreender e podem, em suas leituras, encontrar suas fantasias inventivas, se deixando levar pelas águas dos rios perfumados pelas Icamiabas, embalados pelo desejo de um novo encontro de amor entre o leitor e suas leituras.

Lúcia Fidalgo escreveu a obra Passo a passo no compasso publicada pela RHJ. Segundo a autora "No livro Passo a passo no compasso, de Lúcia Fidalgo, o cenário da sala de aula com seus conflitos e diferenças vai sendo contado pelo olhar do aluno criador que tenta falar sobre talentos diversos na sala de aula e sobre como é importante o professor reconhecer isso e perceber que a sala de aula é um caleidoscópio de idéias pensantes e pulsantes. Comparações entre os diferentes talentos não devem existir, pois viva a diferença!"

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Premição do livro Marginal à Esquerda na ABL

Como já havíamos informado, o livro Marginal à Esquerda de Angela-Lago foi premiado na categoria Melhor Livro Infantil e Juvenil de 2010 pela Academia Brasileira de Letras. 

No dia 20 de julho estivemos presentes na sessão comemorativa do 113º aniversário da ABL e da entrega dos prêmios literários. Como, por motivos de saúde, a autora não pode estar presenta na premiação*, nossa editora assistente, Alice Bicalho, recebeu a premiação pelas mão do Acadêmico Arnaldo Niskier (foto)

A sessão solene foi presidida pelo Acadêmico e presidente Marcos Vinicios Vilaça e teve o Acadêmico José Murilo de Carvalho como orador oficial.

 
(Foto: Carlos Alberto Moisés)

Abaixo o texto enviado por Angela-Lago como agradecimento à premiação:

"Boa tarde senhores membros da academia brasileira de letras, boa tarde senhores e senhoras presentes. Obrigada. Estar ao lado de grandes escritores e escritoras reconhecidos por esta importante instituição me deixa muito honrada. Uma premiação é também a alegria de comemorar o acaso feliz de um livro que parece se encaminhar para encontrar seus leitores. E, portanto, graça e contentamento. É o que quero compartilhar com vocês esta tarde. Muito, muito obrigada". Angela-lago, escritora e ilustradora.

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