Entrevista com Jorge Fernando dos Santos


Capa do livro O Boi da Cara Branca

O autor Jorge Fernando dos Santos é autor dos livros O Boi da Cara Branca e O Pintinho Pedrês, ambos publicados pela editora RHJ. Conheça um pouco mais sobre o autor na entrevista abaixo.

RHJ: Jorge conte um pouco da sua trajetória profissional como escritor, músico e jornalista?

Jorge: Tudo começou na infância. Sempre quis ser escritor e compositor. O jornalismo veio por consequência. Ganhei festivais de poesia no colégio e isso me estimulou. Estudei comunicação e já na faculdade fazia shows, escrevia teatro e participava de festivais. 

No jornalismo, acabei trabalhando por um bom tempo na editoria de cultura do Estado de Minas, como articulista, repórter e editor. Em 1989 ganhei o Prêmio Guimarães Rosa, com o romance Palmeira Seca, adaptado para teatro, minissérie de TV e hoje sendo tese de mestrado na Itália, onde está sendo traduzido. Tenho agora 37 livros publicados.


RHJ: O livro O Boi da cara branca foi escrito em versos poéticos de rica sonoridade. A leitura em voz alta desta obra permite que quase se escute uma melodia. O senhor poderia nos falar um pouco do aspecto musical para a sua escrita poética? 

Jorge: Música é uma coisa, poesia é outra. No entanto, nesse caso, confesso que escrevi o livro pensando na estrutura de um musical, talvez uma opereta infantil. No meu trabalho, música, literatura, teatro e jornalismo se misturam de certa forma. Também recebi muita influência do cinema e isso se faz presente em quase tudo o que escrevo.



RHJ: Ainda em relação à musicalidade da poesia, podemos verificar também forte relação deste livro com canções e temas populares. O senhor poderia nos falar um pouco sobre a importância da cultura popular e da canção para a literatura infantil?

Jorge: A música está nas pessoas e na própria natureza. A infância é muito ligada nisso. Depois, quando os gostos e desgostos musicais se definem, as pessoas acabam muitas vezes se afastando da própria musicalidade. A fala humana, por exemplo, traz um ritmo próprio. Todo idioma tem uma esteira musical sobre a qual se manifesta. Acho que a vida é pura música, basta ter ouvidos de ouvir. Penso que as crianças percebem isso mais facilmente, pois não têm ainda os preconceitos e obrigações dos adultos. Quando escrevo, eu procuro trilhar esse caminho. Acho que isso talvez explique a musicalidade presente principalmente nos meus livros infanto-juvenis.

Saiba mais sobre o livros: O Boi da Cara Branca e O Pintinho Pedrês

Entrevista com a autora Cleidna Landivar

Cleidna Landivar é autora so livro Iluminando Histórias, publicado pela Editora RHJ em 2002 e ilustrado por Adriana Mendonça. Confira a entrevista e conheça um pouco mais sobre a autora. 

Ilustração do livro Iluminando Histórias


RHJ: Cleidna, você poderia se apresentar aos leitores, contando um pouco da sua trajetória profissional como escritora e contadora de Histórias? 

Cleidna: O livro Iluminando Histórias já conta um pouco de minhas lembranças de infância, mas complemento: Nasci em Minas Gerais (adoro minha origem mineira) em uma fazenda próxima à João Pinheiro. Tenho uma infância feliz, guardada na lembrança. Revisito-a em companhia de meus filhos: Esther e Estevan. 

Gosto muito de conversar com crianças, contar e ouvir histórias. Em 1993 integrei-me ao Grupo Gwaya - Contadores de Histórias da UFG e participei de suas atividades por cerca de 10 anos. Atualmente, sou professora da Universidade Federal de Goiás, no Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação-CEPAE - UFG. Sou autora de textos literários e do livro Iluminando Histórias, da Editora RHJ. 

Também sou mestralidade. Já há algum tempo tenho vivenciado a emoção de inventar histórias sob encomenda para o Almanaque, Suplemento Infantil e o Jornal O Popular, jornal que está entre mais expressivos aqui de Goiânia.

RHJ: Além de contar história e escrevê-las você também é mestranda na área de patrimônio cultural. Sua pesquisa, relacionada, dentre outras coisas, à memória familiar, tem alguma relação o livro Iluminando Histórias? Conte-nos um pouco sobre isto.

Cleidna: Curiosamente todos os textos literários que venho escrevendo giram em torno das relações sociais entre familiares. Claro, que escrito em diálogo com crianças e adolescentes.

Concluí o mestrado em Gestão do Patrimônio Cultural dentro da linha de pesquisa Saberes Tradicionais e pretendo continuar estudando a temáticas ligadas à Memória Social. Considerando que, Iluminando Histórias, é uma memória familiar da minha infância, reconstituída via memória coletiva, esse livro, não só tem relação com minhas intenções de pesquisadora, como está na origem de todo o meu interesse crescente pela arte milenar de contar histórias.

Na conclusão de meu trabalho, reconheço as narrativas de vida como Patrimônio Imaterial de todos nós. A literatura, arte essencial de sentir e viver o estar no mundo, são também reflexos de nossos piores e melhores ângulos. Por isso, a boa literatura é democrática, uma herança que espelha a trajetória de nossa humanidade. No campo do Patrimônio Cultural, no contexto de vida de um povo, há sempre uma tensão entre a memória individual e a coletiva, embora uma esteja profundamente imbricada na outra.

RHJ: No livro Iluminando Histórias a narradora/personagem parece ser uma criança que aprende a lidar com seu medo de escuro através da presença de sua mãe que lhe conta histórias. Você poderia nos falar um pouco sobre a importância, para a formação das crianças, de se contar histórias?

Cleidna: Quando li o release da editora colocando o medo como um dos temas centrais do livro Iluminando histórias, fiquei surpresa, pois o que me moveu para aquela escrita foi a proteção que eu lembrava receber de minha mãe, nos momentos em que ela me contava histórias.

Muita coisa mudou de lá para cá, nesse aspecto de relação pais e filhos. Para minha sorte, sinto a presença de amor e cumplicidade em meus filhos, de 11 e 13 anos, que adoram os vídeos animados da internet e muitas outras facilidades tecnológicas e me pedem pra contar histórias. 

Compartilhar histórias lidas ou inventadas ainda é um momento muito gostoso entre nós. Acredito que muitas famílias vivenciem isso atualmente mesmo nas grandes cidades. Não acredito nas formas dispersivas matando a comunicação oral. Estamos sempre reinventado formas de acalentar nossos medos e a oralidade sempre esteve presente.

Saiba mais: Iluminando Histórias