Conheça um pouco mais sobre Yêda Marquez, Marconi e Marcelo Drummond

Estreando nossa coletânea de entrevistas Um pouco mais sobre..., a autora Yêda Marquez e os ilustradores Marconi e Marcelo Drumonnd do livro A viagem da Pipa Vermelha  falam sobre suas trajetórias profissionais, experiências e desafios. 

RHJ: Yêda conte um pouco da sua trajetória profissional como escritora?

Yêda MarquezNasci em Uberlândia, Minas Gerais, e aos cinco anos me mudei com a família para nossa fazenda em Cachoeira Alta, onde fui alfabetizada por minha mãe. A leitura determinou o que eu seria na vida: primeiro jornalista e depois escritora de contos para crianças. Aos 17 anos me mudei para Goiânia, onde cursei comunicação e depois trabalhei em rádio e televisão como repórter e apresentadora. 

Nessa cidade, casei-me e tive meus quatro filhos: Larissa, Lorena, Adriano e Bruno. Em 2005 escrevi meu primeiro livro: A viagem da Pipa Vermelha; no ano seguinte, publiquei uma biografia de Santos-Dumont, destinada às crianças: Alberto, menino-passarinho; a seguir, veio O movimento das cores (2007).

A publicação de Saia dessa, Mano Pira! pela RHJ, em 2009, foi um grande acontecimento na minha vida; o livro selecionado para o PNLD do MEC me abriu novos caminhos. Recentemente lancei três novos livros: As onças de Krumaré, pela Cânone Editorial e ainda Procura-se pai e mãe... e uma nova edição de A viagem da Pipa Vermelha publicados pela RHJ. 

Há dez anos trabalho, em um projeto de Educação ambiental e, quando posso visito escolas fazendo palestras e realizando oficinas. Esses momentos de encontro com meus jovens leitores resumem a alegria da atividade de escrever, afiando meus sentidos  para que se estabeleça com eles uma comunicação eficaz e prazerosa.

RHJ: O texto trabalha com o imaginário da criança, pois diferencia o olhar do narrador dando voz à Pipa Vermelha. Você poderia nos contar como foi criar este livro?

YM: Uma certa manhã, sobrevoando a região do Ribeirão Leite, surgiu em mim o desejo de falar sobre o riozinho que faz parte do nosso cotidiano e ao qual nem sempre prestamos a devida atenção. Comecei a imaginar um texto que chegasse fácil até as crianças, possibilitando a elas compreender uma situação que é crucial para o abastecimento de água em Goiânia e no seu entorno.

A soltura das pipas serviu como fio condutor da história, como também para a realização de oficinas de pipas que antecedem a leitura do texto. A partir dessa atividade as crianças ficam atentas e a imaginação ajuda na reconstrução de novos olhares sobre a mesma história.

RHJ: Dê uma dica para os pais na hora de escolher um livro.

YM: Sempre que possível, é interessante que os pais ouçam pessoas que têm boa experiência no assunto, pesquisem novos autores e ilustradores e ainda privilegiem a produção nacional que é riquíssima.

                                                                                             
RHJ: Marconi e Marcelo Drummond, vocês poderiam nos contar um pouco sobre suas trajetórias como ilustradores e sobre os seus métodos de trabalho?

Marconi e Marcelo Drummond: Trabalhamos como dupla de artistas gráficos na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais, e temos a infraestrutura necessária para o desenvolvimento dos projetos gráficos. Não somos uma empresa ou estúdio de design gráfico institucionalizado e estruturado nos moldes usuais. Quando necessário e em consonância com a complexidade do projeto, convidamos outros profissionais para integrar a nossa equipe.

Nosso trabalho está totalmente direcionado ao contexto cultural da cidade: catálogo para exposições temáticas, monográficas e artísticas; livros de arquitetura e design e, mais recentemente, ilustrações.
Integrado à prática editorial, desenvolvemos curadoria e expografias, além da prática docente e da oferta de workshops e acompanhamento de projetos autorais.

Não comungamos com o princípio da inspiração e entendemos que o artista gráfico deve ter um olhar absolutamente aberto para todo e qualquer estímulo, fruto do livre trânsito pelo mundo. É dessa relação cuidadosa que extraímos os referenciais visuais, poéticos e conceituais para referenciar os nossos projetos gráficos.

A primeira etapa do trabalho consiste no levantamento de dados de toda e qualquer informação que possa ser relevante para o processo de concepção gráfica: iconografia, textos, demandas e expectativas do cliente.
Num segundo momento, partimos para a etapa de conceituação gráfica, seguido dos primeiros esboços, culminando na fixação dos parâmetros para desenvolvimento das ilustrações integradas ao projeto editorial-gráfico do livro.
 
RHJ: Recentemente vocês ilustraram os livros A viagem da Pipa Vermelha da autora Yêda Marquez e Mais com mais dá menos (2ª Edição) do autor Bartolomeu Campos de Queirós. Como vocês vêm à relação entre ilustração e projeto gráfico?

MMD: Trabalhamos as duas frentes de maneira integrada e indissociável. Entendemos o binômio texto-imagem como um corpo sólido e que deve ser manipulado conjuntamente através das ferramentas próprias da editoração eletrônica. Para os livros citados acima, concebemos as ilustrações em harmonia com o projeto editorial gráfico, sem propor nenhuma hierarquia que pudesse romper esse estreito diálogo.

RHJ: Com o uso de novas tecnologias digitais, que recursos vocês utilizam, para criar suas obras?

MMD: Em nossa rotina de trabalho, sempre estamos atentos na edificação de uma via de mão dupla entre processos experimentais, analógicos e digitais. Potencializar esse estreito diálogo, nos parece uma excelente estratégia de diferenciação dos projetos, resultando em poéticas visuais bastante potentes.
Se, por um lado, as ferramentas tecnológicas auxiliam e otimizam o trabalho do artista gráfico, por outro, são as técnicas e linguagens plásticas que possibilitam um diferencial no resultado final da proposta gráfica.
Como temos formação e atuamos diretamente na área de artes visuais, sempre buscamos nesse território os referencias históricos, conceituais.

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