Estreando
nossa coletânea de entrevistas Um pouco
mais sobre..., a autora Yêda
Marquez e os ilustradores Marconi e Marcelo Drumonnd do livro
A viagem da Pipa Vermelha falam sobre suas trajetórias profissionais,
experiências e desafios.
RHJ: Yêda conte um pouco da sua trajetória profissional como escritora?
Nessa cidade, casei-me
e tive meus quatro filhos: Larissa, Lorena, Adriano e Bruno. Em 2005
escrevi meu primeiro livro: A viagem da Pipa Vermelha; no ano
seguinte, publiquei uma biografia de Santos-Dumont, destinada às crianças: Alberto,
menino-passarinho; a seguir, veio O movimento das cores (2007).
A
publicação de Saia dessa, Mano Pira! pela RHJ, em 2009, foi um grande acontecimento na minha vida; o livro selecionado para o PNLD
do MEC me abriu novos caminhos. Recentemente
lancei três novos livros: As onças de Krumaré, pela Cânone
Editorial e ainda Procura-se pai e mãe... e uma nova edição de A viagem da Pipa Vermelha, publicados pela RHJ.
Há dez anos
trabalho, em um projeto de Educação ambiental e, quando posso visito escolas
fazendo palestras e realizando oficinas. Esses momentos de encontro com
meus jovens leitores resumem a alegria da atividade de escrever, afiando meus
sentidos para que se estabeleça com eles uma comunicação eficaz e
prazerosa.
RHJ: O texto trabalha com o
imaginário da criança, pois diferencia o olhar do narrador dando voz à Pipa
Vermelha. Você poderia nos contar como foi
criar este livro?
YM: Uma certa
manhã, sobrevoando a região do Ribeirão Leite, surgiu em mim o desejo de falar
sobre o riozinho que faz parte do nosso cotidiano e ao qual nem sempre
prestamos a devida atenção. Comecei a imaginar um texto que chegasse fácil até
as crianças, possibilitando a elas compreender uma situação que é crucial para
o abastecimento de água em Goiânia e no seu entorno.
A soltura das pipas serviu como fio condutor da
história, como também para a realização de oficinas de pipas que antecedem a
leitura do texto. A partir dessa atividade as crianças ficam atentas e a
imaginação ajuda na reconstrução de novos olhares sobre a mesma história.
RHJ: Dê uma dica para os pais na hora de escolher um livro.
YM: Sempre que possível, é
interessante que os pais ouçam pessoas que têm boa experiência no
assunto, pesquisem novos autores e ilustradores e ainda privilegiem a produção
nacional que é riquíssima.
RHJ: Marconi e Marcelo
Drummond , vocês poderiam nos contar um pouco sobre suas
trajetórias como ilustradores e sobre os seus métodos de trabalho?
Marconi e Marcelo Drummond: Trabalhamos como dupla de artistas gráficos na cidade de Belo Horizonte, Minas
Gerais, e temos a infraestrutura necessária para o desenvolvimento dos projetos
gráficos. Não somos uma empresa ou estúdio de design gráfico institucionalizado e estruturado nos moldes usuais.
Quando necessário e em consonância com a complexidade do projeto, convidamos
outros profissionais para integrar a nossa equipe.
Nosso trabalho está totalmente
direcionado ao contexto cultural da cidade: catálogo para exposições temáticas,
monográficas e artísticas; livros de arquitetura e design e, mais recentemente, ilustrações.
Integrado à prática editorial,
desenvolvemos curadoria e expografias, além da prática docente e da oferta de workshops e acompanhamento de projetos
autorais.
Não comungamos com o princípio da
inspiração e entendemos que o artista gráfico deve ter um olhar absolutamente
aberto para todo e qualquer estímulo, fruto do livre trânsito pelo mundo. É
dessa relação cuidadosa que extraímos os referenciais visuais, poéticos e
conceituais para referenciar os nossos projetos gráficos.
A primeira etapa do trabalho
consiste no levantamento de dados de toda e qualquer informação que possa ser
relevante para o processo de concepção gráfica: iconografia, textos, demandas e
expectativas do cliente.
Num segundo momento, partimos para a
etapa de conceituação gráfica, seguido dos primeiros esboços, culminando na
fixação dos parâmetros para desenvolvimento das ilustrações integradas ao
projeto editorial-gráfico do livro.
RHJ: Recentemente vocês ilustraram os livros A viagem da Pipa Vermelha da autora Yêda Marquez e Mais com mais dá menos (2ª Edição) do
autor Bartolomeu Campos de Queirós. Como vocês vêm à relação entre ilustração e
projeto gráfico?
MMD: Trabalhamos
as duas frentes de maneira integrada e indissociável. Entendemos o binômio
texto-imagem como um corpo sólido e que deve ser manipulado conjuntamente
através das ferramentas próprias da editoração eletrônica. Para os livros
citados acima, concebemos as ilustrações em harmonia com o projeto editorial
gráfico, sem propor nenhuma hierarquia que pudesse romper esse estreito
diálogo.
MMD: Em
nossa rotina de trabalho, sempre estamos atentos na edificação de uma via de
mão dupla entre processos experimentais, analógicos e digitais. Potencializar
esse estreito diálogo, nos parece uma excelente estratégia de diferenciação dos
projetos, resultando em poéticas visuais bastante potentes.
Se, por um lado, as ferramentas
tecnológicas auxiliam e otimizam o trabalho do artista gráfico, por outro, são
as técnicas e linguagens plásticas que possibilitam um diferencial no resultado
final da proposta gráfica.
Como temos formação e atuamos
diretamente na área de artes visuais, sempre buscamos nesse território os referencias
históricos, conceituais.
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